quinta-feira, 16 de maio de 2013

A bandeja do Congresso



Candidato a uma vaga de prestador de serviço no Congresso entra em uma sala para entrevista.

SENADOR: Como vai? Tudo Bem?
CANDIDATO: Tudo Bem. Tudo bem.

SENADOR: Pode sentar, por favor.

Garçom entra na sala.
GARÇOM: Os senhores aceitam um café?

Candidato e senador aceitam.

CANDIDATO:  Cafezinho? Ah sim, obrigado!
SENADOR: Opa!!! Obrigado, seu Augusto!

Entrevista continua.

SENADOR: Então seu... (procurando o nome na ficha)
CANDIDATO: Edno.
SENADOR: Isso! Seu Edno Inácio! O senhor sabe que este é um cargo de imensa responsabilidade. O garçom aqui no Congresso tem o de-sa-fi-o de servir o café para o povo. E nós somos os representantes do povo. Você viu a elegância do seu Augusto? Que postura! Não derramou uma gota. Um grão de açúcar. Isso é cuidar bem do patrimônio do Brasil.  E é isso que esperamos do garçom no congresso que não desperdice o produto do povo. Uma gota de café é um desperdício pra nação. Uma gota de café em cima do nosso paletó italiano, então... Quero nem pensar...
CANDIDATO: Tô ciente desta responsabilidade. Mas, com todo humildade, Senador,  não há ninguém melhor para esta vaga, ainda mais, no Congresso do que eu.
SENADOR:  Gostei, gostei. É seguro na hora de falar. Mas por que o senhor diz isso?
CANDIDATO: Porque eu sou o campeão brasileiro e recordista mundial de permanência em frente a uma máquina de cafezinho no trabalho.
SENADOR:  E nunca teve problema com seu chefe?
CANDIDATO: Tenho uma técnica especial.  Mesa do trabalho sempre desarrumada. Dá impressão que se está cheio de serviço. Evita assim as novas demandas de trabalho.
SENADOR:  E a clássica do paletó pendurado na cadeira?
CANDIDATO: Sim, e criei um incremento à técnica. Meu paletó dorme lá. Assim tem o adicional de hora-extra. Mas, não é um paletó como o do senhor...
SENADOR:  Mas agora, seu Edno, chega lá. Vai ter um salário mais justo com sua capacitação.
CANDIDATO: Isso que eu iria falar. Para servir o cafezinho, serão 12 mil iniciais podendo chegar a 15 mil?
SENADOR:  Isso, mas  o senhor terá alguns descontos, taxas... Afinal estará trabalhando na casa do povo. É preciso pagar uma espécie de aluguel por prestar esses serviços aqui. Mas não se preocupe, vc não precisará pagar ao brasileiro um por um, pode pagar diretamente a nós, os representantes deles.
CANDIDATO: E os 10% do garçom?
SENADOR:  Não. Os 10%  são sempre para o político. É praxe!
CANDIDATO: Mas as gorjetas?
SENADOR:  Sim, as gorjetas podem, mas vamos ter que reter 27,5% de Imposto de renda, 11% de INSS...
CANDIDATO: Pô, Senador, será que.... Não tem como... a gente conseguir uma...Sei lá, tipo... Isenção...
SENADOR:  Que isso, seu Edno? Assim como o país vai poder investir em educação, transporte, saúde... O Brasil não nada em dinheiro não... Mas olha só, dá uma olhadinha, pensa direitinho... Depois o senhor me liga e a gente vê como fica.
CANDIDATO: Tá jóia, Senador. Obrigado!
SENADOR:  R$ 2,50!
CANDIDATO: Hã?
SENADOR:  R$ 2,50.  Esse cafezinho que o senhor tomou é da máquina do Estado. Custa R$ 2,50!
....

Candidato puxa meio sem graça uma nota de R$ 5,00
SENADOR: Ah, não temos troco. Mas tudo bem, faz o seguinte, o Senhor paga o meu e fica tudo certo.


2 comentários:

  1. Muito bom parceiro. Alto nível. Tô imaginando esse diálogo cara de pau, na real. Rindo muito. Temos que gravar!

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  2. Valeu o comentário, camarada!!!
    Vamos nessa!
    abração!

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