quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A cara dos políticos

Não sei como os paulistanos vão encarar a frase, mas preciso dizer. O João Doria é a cara da Avenida Paulista vestida com a camisa da CBF. O cabelinho bem comportado, a roupinha bem passada, barbinha bem feita. Resumindo João Doria é um homem incapaz de suar. 

Você achava que o Fernando Haddad com seu discurso sobre mobilidade urbana ia para algum lugar? O que dá ibope mesmo é o papo do Show Business, o programa de entrevistas do Doria. Dizem que as entrevistas são um saco. Eu não posso emitir opinião. Toda vez que via, só conseguia prestar a atenção se o Doria iria suar ou não. Nunca vi. Acho fantástico isso.

Mas voltando às urnas, a eleição foi justíssima. São eles a maioria na São Paulo atual. Votaram alto e espero que estejam certos em acreditar no estilo “trump”, em que comandar uma prefeitura é igualzinho a administrar uma empresa. Se der certo, maravilha! Se der errado, só esperar quatro anos. Nada de invencionices! Até porque, sejamos sinceros, ninguém votou no Doria pensando no vice-prefeito, o... o... Ah, procure no google, por favor!  Se for o Amaury Jr., escrevo outra crônica. Prometo.

Já o Rio mostrou porque o Fla x Flu surgiu aqui. E como minha mãe sempre dizia quando eu ia aos jogos: “Cuidado! Fla x Flu é perigoso. Fico com medo.” Suspeito que foi mamãe que contagiou todos eleitores. Agora, uns têm pavor que o Rio se transforme numa imensa igreja, onde todas as decisões políticas serão baseadas no Evangelho, segundo a Universal, e transmitidas ao vivo pela TV Record .

A outra metade tem receio que a cidade vire uma enorme parada gay, com drogas liberadas e uma estátua de Che Guevara erguida no Corcovado. Calma, pessoal!!! Além do óbvio que a prefeitura tem capacidade limitadíssima de imposição ideológica, posso garantir que apesar de todo receio da minha mãe, nunca passei sufoco num Fla x Flu. O máximo que sofri foi respirar gás lacrimogêneo. Isso me leva à seguinte conclusão: mesmo sem grandes danos, mais cedo ou mais tarde, a gente acaba chorando em qualquer Fla x Flu.


Anotem essa frase.  Achei meio filosófica.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Um brinde ao engov


Estava eu possivelmente sendo invejado até pelo Cauã Reymond. Sete mulheres ao meu lado naquela mesa. Rolava um papo-cabeça sobre causas progressistas. Mostrei apoio e para impressioná-las, cite expressões da moda como “empoderamento feminino”. Mas quando Andrea chamou o garçom...

- Fabinhooooo, meu amor! Mais uma rodada que estamos com sede.

Meu machismo acordou sem bocejar. Como aquelas mulheres aguentavam mais bebida do que eu? Meu estômago já estava encharcado, mas jamais iria confessar. Pensei em dizer que havia lembrado de um compromisso urgente. Não podia. Minha mulher estava junto. Claro que Raquel iria pedir explicações sobre esse tal compromisso.

Sim, estava disposto a entregar parte de meu fígado para salvar meu casamento.  Seria uma linda prova de amor. Mas isso também seria uma prova de machismo. Eis o dilema: beber ou não beber?

Fiz como Bill Clinton, brindei, mas não bebi. Botei o copo na mesa e então.... Veio a ideia “genial”.
- E a cultura do álcool, hein?

- Vartan!!!! Estamos falando sobre a cultura do estupro – esclareceu Débora, uma militante feminista do universo acadêmico.

- Eu sei. Mas esse debate comportamental está além do universo homem x mulher...

- Ah... Lá vem Vartan e suas teorias... É melhor pedir vodka! – recomendou Beta, com a paciência típica de uma TPM.

 Suei frio com a possibilidade.

- Vou me explicar melhor. Nada contra a bebida e nem ao fato de alguém querer ficar bêbado, ok? A cultura que digo é a competitividade disfarçada entre os consumidores. Parece que o fígado mais resistente recebe o troféu de companhia campeã. E isso é uma mentira! Noventa por cento dos bêbados ficam sem noção e te dão trabalho no fim da noite.      

 - Isso é verdade. E você está dentro desses noventa por cento! – disse Raquel com uma sinceridade que não ajudava nada.

Fingi que não escutei. Cauã Reymond já não me invejava mais.

- Queria entender qual a vantagem de contar na segunda que quatro caixas de cerveja foram embora num domingo. E mais: queria saber por que as pessoas são admiradas por isso.  Estudos....
- E aíííí? Mais uma rodada, pessoal?

Antes que alguém respondesse o garçom, já emendei o assunto.

- Estudos indicam que essa obsessão pela quantidade que se é capaz de beber não passa de uma busca pela aceitação grupal. O homem que bebe pouco é visto como frágil, menos másculo, que é uma cultura machista alimentada também por muitas mulheres. Louvado seja o engov que....

Fui interrompido por um burburinho:

- Ele já bebeu demais. Melhor pedir a conta!

- Fabinhoooo, a saideira!   


terça-feira, 17 de maio de 2016