segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Da Série: Eu entendo de tudo - 1



Entrevista do Amaury Jr. para a Fernanda Young. Tema: novos ricos.

- O novo rico é o centro das atenções pelo dinheiro que tem. Mas não sabe se portar à mesa. Não tem argumentos para sustentar uma conversa, etc.

Pra completar o chavão, só faltou ele dizer que o novo rico “não tem berço”. Resumo superfluológico social  (se a ciência não existe, inventei agora! Cobrarei patente): mais de 200 anos depois da Revolução Francesa, a aristocracia ainda fica incomodada com a inserção da burguesia no seu clubinho. Agora faz isso com uma roupagem nova. O que é pior, com a roupagem e o cabelo acaju do Amaury Jr.

PS: O questionamento que fica para estudo é o seguinte: O que fazia eu para assistir a esta entrevista? 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Adolescente



Era um típico adolescente. Apaixonado pelas mulheres, pela vida, pelas paixões. Com ideais comunistas e utopia por um mundo melhor, mais justo, mais bonito.

A impressão que se tinha é que nunca iria crescer, ser um adulto de verdade e fazer o que o figurino manda. Ter um emprego estável, um comprovante de renda para comprar à prestação nas Casas Bahia, crescer na empresa e juntar uma economia para comprar algumas coisinhas à vista também. Se desse, claro. Por fim, ter uma aposentadoria tranquila.

Mas não! Como todo adolescente era um contestador. Queria viver de arte. Enxergava poesia até numa parede de concreto ou numa cidade fantasma. Gostava de debater ideias, filosofia,... Enfim nada que desse dinheiro! Assim iria ter que morrer trabalhando.

Aonde esse menino iria parar? Cada hora era um plano diferente. E imagino do outro lado da mesa, os adultos respeitáveis, com seus crediários em dia, estabilizados em seus empregos, profissionais experientes (fazendo a mesma coisa há anos)... E ao receber os projetos do adolescente, daria uma olhada rápida para o relógio (“Pô, ainda faltam 50 minutos para às 18h!”) e diriam:

- Meu filho, você está querendo inventar a roda, é?

E o adolescente mostraria seus traços de genialidade:

- Não! Só as curvas.

Oscar Niemeyer morreu adolescente aos 104 anos. Deixou uma vida inteira pela frente. 


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Manual da Máquina Tricolor



Antes de Usar

Caro torcedor, a Máquina Tricolor foi idealizada para proporcionar além de felicidade, a euforia. Porém para o aproveitamento de sua total capacidade é necessário que o processo seja sofrido. Caso não haja sofrimento durante o tal processo, certifique-se que não se trata de um produto pirateado.

Componentes da Máquina

No gol - 1 muralha.

Na defesa - 4 peças de tecnologia antivazamento. Comprovado: as mais eficientes do campeonato. O melhor custo-benefício.

No meio-campo - 4 processadores de última geração, que permitem mais força na marcação, maior velocidade e melhor aproveitamento de passes e lançamentos.

No ataque - 1 botão turbo (Nem) e 1 botão de finalização (Fred)
  

Funções

Em momentos de pressão adversária, não se desespere. Utilize as 4 peças antivazamento. Se necessário, acione a muralha. Espere até escutar um dos comentaristas televisivos decretar que o Fluminense está sendo dominado e levará um gol em breve. Neste momento, pressione de forma combinada os botões turbo e de finalização do ataque. Comemore o gol tricolor.

Em seguida, espere alguns minutos e troque um componente de ataque pela peça Diguinho de contenção. Lembre-se o processo precisa ser sofrido. Bolas na trave e botão muralha exaustivamente utilizado fazem parte do procedimento. Caso a situação ameace sair fora de controle, ligue imediatamente para nosso serviço superior de proteção João de Deus.  

E então, basta esperar o fim do jogo e apreciar a felicidade e euforia produzidas.

OBS: para melhor aproveitamento da máquina, indicamos a contratação de um técnico especializado.
Profissional credenciado: Abel Braga


Garantia

Além da garantia de tetracampeonato até dezembro de 2013, a máquina tricolor lhe dá direito a upgrade de pentacampeão. 

*** Todas as patentes da Máquina Tricolor estão reservadas a Celso Barros


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Santinho do eleitor


Caro candidato,

Vartan iniciou sua carreira de eleitor em 1993. Na época, votou a favor do parlamentarismo. Não teve sorte. Deu presidencialismo.

Em outro plebiscito, votou pelo desarmamento. Perdeu o duelo.

Em 2002, acreditou que Lula e o PT representariam uma nova ética no jogo político. Ganhou, mas perdeu.

Em 2006, votou no Cristóvão Buarque. Experimentou a mesma sensação que o torcedor do América tem para ver o time campeão.

Em 2010, Marina Silva. E o voto sustentável teve que se reciclar.


Com a palavra, o Eleitor

Portanto, caro candidato, se quiser realmente ser eleito, faça exatamente o contrário do que eu penso. Sou um pé-frio do cacete!

Abuse dessas bandeirinhas com o número do partido que atrapalham a visão do motorista.

Não esqueça das carreatas. São uma ótima ideia para causar engarrafamento. Assim você poderá mostrar, com toda razão, que  o trânsito é um dos grandes problemas da sua cidade.

O jingle é uma coisa formidável. Conheço muitos eleitores que se decidiram por um candidato por causa do jingle. Detalhe: tem que tocar bem alto. Caso contrário, seu concorrente pode abafar o som do seu carro, que será mais um na rua, emitindo CO2 e causando o já mencionado engarrafamento. Poluição também é um grande problema urbano. Cite isso.

E o principal, não esqueça da boca de urna. R$50,00 por cabo eleitoral podem garantir sua eleição. Vamos provar que nem todo candidato é igual. Tem uns que pagam um pouquinho melhor.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os exageros do Gaúcho



A vida de Ronaldinho Gaúcho é um verdadeiro exagero. A começar pelos dentes. Mas nem sempre estes excessos estão tão na cara assim. Em 2005, 2006, ele chegou a ser comparado a Pelé. Só depois descobrimos que a admiração era exagerada. E agora, acho eu, estamos exagerando na sua execração.

“Ronaldinho chegou de ressaca ao treino. Tinha que ser mandado embora por justa causa!”.

Quem já não foi ou (se não quiser se comprometer) tem um amigo que foi trabalhar de ressaca na segunda-feira?

“Ah, ele é atleta. Depende do corpo.”

O ser humano ou trabalha com o corpo ou com a mente. E uma coisa é certa: dos dois modos, a ressaca atrapalha. A única coisa que sua cabeça consegue pensar é que você nunca mais vai beber. Um pensamento tão errôneo que só dura até a sexta-feira.

E então, para não exagerar: cartãozinho amarelo para o Ronaldinho, para os torcedores hipócritas e para o meu amigo que chegou de ressaca. Pra mim, não! Eu não vou admitir nunca!

Mas o moralista não se dá por vencido.

“E o vídeo dele com uma mulher na concentração, hein, hein?”

Meu amigo, o Ronaldinho é um padre? Ele faltou ao treino para ficar com a mulher? Se ponha no lugar do Ronaldinho, ou melhor, com a cara do Ronaldinho. Sua única chance de ter uma daquelas mulheres lindas de Florianópolis é agora! Você recusaria?

Ora, não acho o Ronaldinho um exemplo. Mas ninguém é profissional no futebol. Seu chefe fica te vigiando para saber se você vai beber no fim de semana e chegar cansado na segunda? Seu chefe exige que você não faça sexo a noite inteira, porque no dia seguinte tem aquele projeto importante para finalizar? As responsabilidades são suas. Se você não rende na segunda e não termina o projeto, tem todas as chances de ganhar um cartão vermelho. Sem exagero!

E o resumo profissional é esse: Ronaldinho vinha jogando mal, o Flamengo não teve peito para dar o cartão vermelho, e o Atlético MG teve peito para dar o cartão verde.

Aliás, não vejo o motivo de tanta surpresa de ele ir parar em BH. Nos últimos tempos, o Atlético se especializou em contratar profissionais em declínio na carreira. Só que desta vez, acho que o Galo exagerou!

sábado, 31 de março de 2012

Mentira



Vamos falar a verdade: a mentira é essencial. E os hipócritas, quando demonizam a mentira, claro, estão apenas mentindo. Uma atitude paradoxal que só reforça a verdadeira importância do mentir.

A mentira é tão necessária que existe uma profissão especializada nela. O advogado, que é pago para mentir pelos outros. E ganha a causa quem mentir melhor.

- Nãoooo. O Sr. Diógenes Torres, meu cliente, não quis de jeito algum sonegar. Ele vendeu seus produtos sem nota fiscal para que os consumidores tivessem um preço muito mais acessível, de acordo com o orçamento familiar deles. Um planejamento econômico-social que diminui a inadimplência, estimula o consumo, melhora a economia e gera ainda mais empregos para o nosso país.

E você sai convencido a comprar sem nota na rede de lojas de Sr. Diógenes Torres. E quem sabe até votar nele numa eventual eleição.

Além da empresa, a mentira também já salvou o emprego de alguns funcionários do Sr. Diógenes Torres.

- Serginho, e o relatório que te pedi semana passada, já tá pronto? 

- Faltam só alguns detalhes...

E Serginho volta para a mesa, tentando lembrar que relatório, Meu Deus, que relatório era esse.

Em nome da ética, você também mente. Não vai querer ser chamado de dedo-duro.

- Pelo que você viu, o relatório do Serginho está ficando realmente dentro dos nossos padrões?

- O Serginho está preparando isso desde segunda. Acredito que vai ficar  óóó... Mui-to Bom!   

E você volta para a mesa, xingando o filho da puta do seu amigo Serginho, e o ajuda a terminar um relatório que ninguém sabe exatamente o que era.

Ver no final que sua mentira acabou dando certo é um prazer. Dizem que só existe prazer maior no sexo. Mas o sexo geralmente resulta de mentiras.

- Vem cá, vem! Eu largo tudo por você! (Mentira!)
- Ahhhhh! É melhor parar! (Mentira!) A gente está no meio do estacionamento do shopping.
- Vem cá, vem cá! Não tem ninguém olhando” (Mentira!)

Há as câmeras de segurança, provavelmente os seguranças que monitoram as câmeras, e os milhões de internautas que vão acessar o youtube no dia seguinte.

Lembrando também que o sexo, normalmente, termina com uma mentira. Ou você acha que é tão bom quanto os gritos que ela dá?

Melhor eu ir terminando esse texto por aqui. Mentira tem limite!

segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre reis e rainhas


Desde a idade média, queria escrever sobre isso. A última oportunidade que tive foi o casamento do Príncipe William, mas achei melhor me conter. Sei lá, minhas palavras poderiam estragar o clima da festa. E a noiva estava linda.

Tive outra chance no início de mês, quando o Príncipe Harry veio passar alguns dias aqui no Brasil. Só que esperei ele ir embora e dar um tempinho, claro.  Vai que ele se irritasse e os britânicos voltassem com aquela mania de colonizar tudo que veem pela frente. Não pegaria bem para o Brasil ser anexado pelas Malvinas. Seria uma vitória argentina! Imagine o comentário na vizinhança. Bem mais prudente falar só agora. Então vai:

Sempre achei meio cafona, fora de moda, fora de modernismo, esse negócio de rei, rainha, príncipe, princesa, bobo da corte... Que resquício medieval no meio de século 21!

Quer dizer que o homem estuda a teoria evolucionista, vai à lua, inventa o Iphone, o capuccino diet e ainda continua aceitando a tese do “direito divino dos reis”? Porque só isso explica a existência ainda da Família Real. Sem falar nos rios de dinheiro que são derramados nas solenidades meramente simbólicas.

O que mais me espanta é a burguesia, que adora uma graninha, se encantar tanto com as decorações e condecorações reais. Pô, eles fizeram uma revolução, venceram e ainda reverenciam o derrotado em qualquer lugar do mundo. Acho que é até possível escutar: “Meu reino e, talvez... TALVEZ!, meu banco por uma coroa”

Alguns tentam justificar dizendo que isso é turismo. Que traz muito dinheiro (Ah, burguesia não tem mesmo a menor poesia). Concordo que Palácio de Buckinghan deva ser visitado pelos turistas. Ali reside grande parte da história do Reino Unido. Agora, transformar uma família em atração é algo meio big brotherístico. E o pior: sem a apresentação do Bial e nem o direito de expulsar ninguém da casa. Por todo sempre.

Mas, de repente, eu estou errado e meio mundo está certo. A Família Real deve ter mesmo algum poder divino concedido. Daí a tamanha fascinação que desperta. Deus salve a Rainha. E o príncipe Harry também. Porque o rapaz, convenhamos, é uma simpatia!

Depois desse elogio, acho que mereço um título de Sir.

Ass: Vartan de Orleans e Bragança