sexta-feira, 14 de junho de 2013

O custo Brasil - As manifestações contra o aumento das passagens.


Todos os dias a pólvora é derramada no barril. Ir e voltar do trabalho cansa mais do que trabalhar. Num trajeto de 22km, a viagem dura 2 horas. Uma velocidade média de 11km/h, a metade de uma carruagem no início do século passado.

Todos os dias a pólvora é prensada no barril. É subumano como os passageiros são transportados em trens, barcas, metrôs e ônibus.

E todos os dias a chama corre no pavio quando o ônibus não para pro idoso.  Quando o plano de saúde reluta para marcar seu exame. Quando a companhia de gás aumenta a tarifa. Quando a empresa de energia é ruim e você não tem alternativa. 

E quando você lembra que são 5 meses de salário destinado a imposto, as agências reguladoras, preenchida por acordos partidários, apenas dizem que “sua reclamação será encaminhada às concessionárias. Dentro de 30 dias úteis entraremos em contato". E eles se esquecem, mas a chama continua correndo. Até que estoura.


R$ 0,20 são apenas o troco do preço da revolta. 



quinta-feira, 16 de maio de 2013

A bandeja do Congresso



Candidato a uma vaga de prestador de serviço no Congresso entra em uma sala para entrevista.

SENADOR: Como vai? Tudo Bem?
CANDIDATO: Tudo Bem. Tudo bem.

SENADOR: Pode sentar, por favor.

Garçom entra na sala.
GARÇOM: Os senhores aceitam um café?

Candidato e senador aceitam.

CANDIDATO:  Cafezinho? Ah sim, obrigado!
SENADOR: Opa!!! Obrigado, seu Augusto!

Entrevista continua.

SENADOR: Então seu... (procurando o nome na ficha)
CANDIDATO: Edno.
SENADOR: Isso! Seu Edno Inácio! O senhor sabe que este é um cargo de imensa responsabilidade. O garçom aqui no Congresso tem o de-sa-fi-o de servir o café para o povo. E nós somos os representantes do povo. Você viu a elegância do seu Augusto? Que postura! Não derramou uma gota. Um grão de açúcar. Isso é cuidar bem do patrimônio do Brasil.  E é isso que esperamos do garçom no congresso que não desperdice o produto do povo. Uma gota de café é um desperdício pra nação. Uma gota de café em cima do nosso paletó italiano, então... Quero nem pensar...
CANDIDATO: Tô ciente desta responsabilidade. Mas, com todo humildade, Senador,  não há ninguém melhor para esta vaga, ainda mais, no Congresso do que eu.
SENADOR:  Gostei, gostei. É seguro na hora de falar. Mas por que o senhor diz isso?
CANDIDATO: Porque eu sou o campeão brasileiro e recordista mundial de permanência em frente a uma máquina de cafezinho no trabalho.
SENADOR:  E nunca teve problema com seu chefe?
CANDIDATO: Tenho uma técnica especial.  Mesa do trabalho sempre desarrumada. Dá impressão que se está cheio de serviço. Evita assim as novas demandas de trabalho.
SENADOR:  E a clássica do paletó pendurado na cadeira?
CANDIDATO: Sim, e criei um incremento à técnica. Meu paletó dorme lá. Assim tem o adicional de hora-extra. Mas, não é um paletó como o do senhor...
SENADOR:  Mas agora, seu Edno, chega lá. Vai ter um salário mais justo com sua capacitação.
CANDIDATO: Isso que eu iria falar. Para servir o cafezinho, serão 12 mil iniciais podendo chegar a 15 mil?
SENADOR:  Isso, mas  o senhor terá alguns descontos, taxas... Afinal estará trabalhando na casa do povo. É preciso pagar uma espécie de aluguel por prestar esses serviços aqui. Mas não se preocupe, vc não precisará pagar ao brasileiro um por um, pode pagar diretamente a nós, os representantes deles.
CANDIDATO: E os 10% do garçom?
SENADOR:  Não. Os 10%  são sempre para o político. É praxe!
CANDIDATO: Mas as gorjetas?
SENADOR:  Sim, as gorjetas podem, mas vamos ter que reter 27,5% de Imposto de renda, 11% de INSS...
CANDIDATO: Pô, Senador, será que.... Não tem como... a gente conseguir uma...Sei lá, tipo... Isenção...
SENADOR:  Que isso, seu Edno? Assim como o país vai poder investir em educação, transporte, saúde... O Brasil não nada em dinheiro não... Mas olha só, dá uma olhadinha, pensa direitinho... Depois o senhor me liga e a gente vê como fica.
CANDIDATO: Tá jóia, Senador. Obrigado!
SENADOR:  R$ 2,50!
CANDIDATO: Hã?
SENADOR:  R$ 2,50.  Esse cafezinho que o senhor tomou é da máquina do Estado. Custa R$ 2,50!
....

Candidato puxa meio sem graça uma nota de R$ 5,00
SENADOR: Ah, não temos troco. Mas tudo bem, faz o seguinte, o Senhor paga o meu e fica tudo certo.


quinta-feira, 28 de março de 2013

Da Série: Eu entendo de tudo – Tema: Política da Semana



Meus amigos, o Marco Feliciano se tornou uma alma perdida de vez. Não há mais jeito. Na reunião em que presidia a Comissão de Direitos Humanos, o pastor se desviou dos preceitos bíblicos que tanto dizia seguir. Chamado de racista por um manifestante,  Marco Feliciano não seguiu o principal ensinamento do Novo Evangelho: “Oferecer a outra face”. Ficou possesso e mandou prender o rapaz. Trocou de plenário e impediu a entrada dos protestantes (É preciso deixar claro: protestantes aqui não são os seguidores de Lutero, e sim sinônimo de manifestantes). Acha que só assim pode conseguir a paz necessária para continuar no cargo. Oh homem de pouca fé.

Bem, o PSC também não teve tolerância com o PT. Pressionado para persuadir Marco Feliciano a abandonar a Comissão de Direitos Humanos, o partido cristão lembrou os pecados alheios. Os petistas e mensaleiros condenados, João Paulo Cunha e José Genoino, estão na Comissão de Constituição e Justiça. Santo de casa não faz milagres.  
  
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Para não delegar tudo a Deus, até que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, teve uma atitude racional: interditou o Engenhão. Se há risco, ainda que mínimo, de desabar parte da cobertura, é preciso agir e não esperar que algo caia do céu. Mas vem cá, e o Elevado do Joá? Será que ele crê que não há mesmo risco algum? Oh homem de muita fé!

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PS: E se a gente inventar que o Elevado do Joá foi ideia do Cesar Maia, será que o Dudu interdita

quarta-feira, 13 de março de 2013

Por que o Papa não é brasileiro


Vamos ser racionais. Todos nós sabíamos do risco que seria a escolha de um Papa brasileiro. Para começar o Vaticano ia ter que dar um jeitinho e canonizar José Sarney como santo padroeiro do Maranhão.  Ou você acha que Dom Odilo Scherer, o candidato que era o Brasil de batina, não tinha o apoio do PMDB? Todo candidato tem. Aliás, o partido já teria indicado três Cardeais e requisitado a direção do Banco do Vaticano. Cheio de jogadas o política, o PMDB foi tentar ensinar o padre a rezar missa. Não pegou muito bem.

Não para por aí. Marqueteiros brasileiros já teriam uma estratégia para atrair a classe C para o catolicismo. Empreiteiras já estavam contratadas para reformar a Capela Sistina, sugerindo uma decoração mais popular. Era o projeto Sistinão. Já havia até ambulantes credenciados para trabalhar no entorno.

Mas fora da jogada, o PMDB criou um entrave burocrático e a proposta não foi aprovada.

Outro ponto que atrapalhou a escolha do brasileiro foi a exigência da TV Globo para que as missas passassem a ser realizadas às 22h, logo depois da novela das 9h. A transmissão teria 18 câmeras, narração de Galvão Bueno e comentários sobre a liturgia de Arnaldo Cezar  Coelho.  Internautas mandariam as perguntas via Twitter.

-       Carola de Recife pergunta: “Pode pegar a hóstia com a mão, Arnaldo?”.

E depois da vinheta da marca de vinho que patrocina a missa, Arnaldo responderia.

Tudo ia muito bem durante a gravação do programa piloto, mas os velhinhos do Vaticano dormiram todos no meio da missa. 22h era muito tarde pra eles. A TV Globo desistiu e já anunciou a manutenção do Big Brohter na grade em 2014.

Mas a questão de maior debate na campanha foi o projeto Minha Igreja Minha Vida. Uma espécie de Bolsa-Dízimo. Alguns fiéis estariam isentos da contribuição mensal à Igreja. Mas numa atitude de extrema humildade, o Vaticano afirmou que era incapaz de fazer milagre no orçamento sem esta verba.

Entendo as causas para que não escolhessem o Papa do Brasil sil sil, mas eleger um argentino foi provocação. Deus que me perdoe.