Candidato a uma vaga de
prestador de serviço no Congresso entra em uma sala para entrevista.
SENADOR: Como vai? Tudo Bem?
CANDIDATO: Tudo Bem. Tudo bem.
SENADOR: Pode sentar, por
favor.
Garçom entra na sala.
GARÇOM: Os senhores
aceitam um café?
Candidato e senador aceitam.
CANDIDATO:
Cafezinho? Ah sim, obrigado!
SENADOR: Opa!!! Obrigado,
seu Augusto!
Entrevista continua.
SENADOR: Então seu...
(procurando o nome na ficha)
CANDIDATO:
Edno.
SENADOR: Isso! Seu Edno
Inácio! O senhor sabe que este é um cargo de imensa responsabilidade. O garçom aqui no Congresso tem o
de-sa-fi-o de servir o café para o povo. E nós somos os representantes do povo.
Você viu a elegância do seu Augusto? Que postura! Não derramou uma gota. Um
grão de açúcar. Isso é cuidar bem do patrimônio do Brasil. E é isso que esperamos do garçom no congresso
que não desperdice o produto do povo. Uma gota de café é um desperdício pra
nação. Uma gota de café em cima do nosso paletó italiano, então... Quero nem
pensar...
CANDIDATO:
Tô ciente desta responsabilidade. Mas, com todo humildade, Senador, não há ninguém melhor para esta vaga, ainda
mais, no Congresso do que eu.
SENADOR: Gostei, gostei. É seguro na hora de falar. Mas
por que o senhor diz isso?
CANDIDATO:
Porque eu sou o campeão brasileiro e recordista mundial de permanência em
frente a uma máquina de cafezinho no trabalho.
SENADOR: E nunca teve problema com seu chefe?
CANDIDATO:
Tenho uma técnica especial. Mesa do
trabalho sempre desarrumada. Dá impressão que se está cheio de serviço. Evita
assim as novas demandas de trabalho.
SENADOR: E a clássica do paletó pendurado na cadeira?
CANDIDATO:
Sim, e criei um incremento à técnica. Meu paletó dorme lá. Assim tem o
adicional de hora-extra. Mas, não é um paletó como o do senhor...
SENADOR: Mas agora, seu Edno, chega lá. Vai ter um
salário mais justo com sua capacitação.
CANDIDATO:
Isso que eu iria falar. Para servir o cafezinho, serão 12 mil iniciais podendo
chegar a 15 mil?
SENADOR: Isso, mas
o senhor terá alguns descontos, taxas... Afinal estará trabalhando na
casa do povo. É preciso pagar uma espécie de aluguel por prestar esses serviços
aqui. Mas não se preocupe, vc não precisará pagar ao brasileiro um por um, pode
pagar diretamente a nós, os representantes deles.
CANDIDATO:
E os 10% do garçom?
SENADOR: Não. Os 10%
são sempre para o político. É praxe!
CANDIDATO:
Mas as gorjetas?
SENADOR: Sim, as gorjetas podem, mas vamos ter que
reter 27,5% de Imposto de renda, 11% de INSS...
CANDIDATO:
Pô, Senador, será que.... Não tem como... a gente conseguir uma...Sei lá,
tipo... Isenção...
SENADOR: Que isso, seu Edno? Assim como o país vai
poder investir em educação, transporte, saúde... O Brasil não nada em dinheiro
não... Mas olha só, dá uma olhadinha, pensa direitinho... Depois o senhor me
liga e a gente vê como fica.
CANDIDATO:
Tá jóia, Senador. Obrigado!
SENADOR: R$ 2,50!
CANDIDATO: Hã?
SENADOR: R$ 2,50. Esse cafezinho que o senhor tomou é da máquina
do Estado. Custa R$ 2,50!
....
Candidato puxa meio sem graça
uma nota de R$ 5,00
SENADOR: Ah, não temos
troco. Mas tudo bem, faz o seguinte, o Senhor paga o meu e fica tudo certo.