quarta-feira, 12 de maio de 2010

(J)A Era Dunga

A seleção que vai à África do Sul é a cara de Dunga. E Dunga, como vocês sabem, tem aquele cabelo arrepiado que era moda 20 anos atrás e usa aquelas roupas, desenhadas pela filha, que nunca foram moda.

Dunga pode não ter lá muito bom gosto, mas é sincero. Há tempos, vem nos avisando que a convocação não teria nenhuma surpresa. E, realmente, não houve. O nome de Grafite, convenhamos, não pode ser classificado como surpresa. É um susto.

Mais assustadora ainda é a lista do meio-campo. Sete volantes e um meia-atacante. A conta foi feita errada? Ou ele achou que um time para ser guerreiro precisa ter o maior número de volantes possível? Guerreiros não atacam? A conta foi mal feita, é isso! É melhor achar que nosso treinador é ruim em matemática do que medroso.

O curioso é que para defender os nomes dos convocados, aí o técnico cita bem números, desempenho, estatísticas. Parece até a tese acadêmica do professor Dunga, como se o futebol fosse científico, coerente.

Até suspeito que a convocação é baseada numa estratégia de Dunga. “Tão pensando o quê? Vão ficar só criticando o técnico. Agora vão falar também dos jogadores”

Agradeço a oportunidade, mas vou continuar escrevendo sobre Dunga. Já falei muito bem dele como jogador... Calma! Não cheguei ao ponto do Jorginho para dizer que as principais jogadas da seleção de 94 saíram dos pés de Dunga! Eu torço. Não distorço. Acho que ele foi sim um bom jogador. Mas, como sou incoerente, não quero a seleção com o jeito dele. Até porque, com o tempo, Dunga ficou sem jeito e sem modos. Às vezes, parece que vai dar um carrinho no entrevistador.

Mas tudo isso deve fazer parte do pacote para ser treinador hoje da seleção: tem que ser mal humorado, e ter uma opinião que não combine com a de mais ninguém. É a tal da coerência. Só que eu estou com Millôr Fernandes: “o coerente é aquele que nunca teve outra ideia”. Bem, só não sei se o Millôr já mudou de ideia.