quinta-feira, 14 de abril de 2011

Série Retrô: Desarmamento


Como o tema voltou ao debate, segue mais uma oportunidade para a Série Retrô. Desta vez é uma cônica escrita em 2005, perto do plebiscito que decidiria sobre o futuro (hoje, presente) do Comércio de armas

Que duelo! Os dois lados se armaram com seus argumentos e agora bombardeiam a caixa de entrada do meu e-mail. Opiniões contra e a favor do desarmamento estão vindo de todos os lados. A cada novo acesso, sou atingindo por mais uma mensagem perdida. Algumas, resolvi deletar. Sou réu confesso. Mas agi assim apenas para proteger meu tempo.

Depois de tantos e-mails, cheguei a uma conclusão: ninguém apaga cabeçalho de mensagem encaminhada. Outro ponto também tão relevante como este foi a pré-disposição dos que votam “não” em fazer o papel da polícia: “Os homens de bem (quem concede o título “homens de bem”?) têm o direito de se defender dos criminosos”. Mas e os impostos que pago para ter segurança pública? Poderia até aceitar encarar um assaltante se houvesse um desconto significativo em meus tributos. Mas acho mais seguro e recomendável cobrar dos governantes uma polícia mais eficiente do que tentar ser um policial amador.

A falta de segurança assusta todos, mas a história mostra que votações à base do medo já produziram Bush nos EUA. É um tiro que pode sair pela culatra.

O curioso é que muitos dos que são a favor do comércio de armas para civis afirmam que não teriam uma arma e concordam que é perigoso reagir a um assalto. Dizem que defendem a causa, pois só a dúvida de que um cidadão estaria armado inibiria a ação dos bandidos.

Custo a acreditar que esta dúvida paire na cabeça de marginais quando planejam uma ação. Como também não acredito que o resultado do plebiscito (seja qual for) implicará no aumento ou diminuição da criminalidade. O que parece óbvio é que o fim do comércio reduzirá acidentes com armas de fogo, crimes passionais, desvio de armas legais para as mãos de criminosos, e discussões de condomínio ou de trânsito que terminam em tragédia. Sejamos honestos: quem, num acesso de fúria, já não teve vontade de puxar uma arma nem que seja apenas para assustar alguém? Eu, por exemplo, se possuísse uma, talvez já tivesse apontado para o Parreira e perguntado com um tom irônico: “Quero ver escalar o Roque Júnior agora???”

Agora, se quisermos um sistema olho por olho, dente por dente, já vou logo avisando: aceito trocar meus olhos pelos do Fábio Assunção, mas não troco de jeito nenhum os meus dentes pelos do Ronaldinho Gaúcho.