sábado, 28 de fevereiro de 2015

Cristo de Janeiro


E Cristo se deu esse luxo. Depois de tanto admirar a paisagem do Rio de Janeiro do alto do Corcovado, resolveu descer para comemorar os 450 anos da cidade. Queria mesmo se sentir carioca, afinal é filho de Brasileiro. Sem falar que a relação com seu povo judeu nunca foi lá essas coisas. 

Com estilo hippie, cabelão e barba, Cristo estava em casa descendo por ali em Santa Teresa, Cosme Velho... Apesar disso, não conseguiu tantos discípulos, dessa vez, com sua peregrinação rumo a Ipanema.

- Cristo do céu, ir a pé até Ipanema??? Vamos de ônibus pelo menos!
- Rapaz, pegar o engarrafamento dessa cidade dentro de um ônibus é uma Via Crucis. Ando traumatizado com isso.

Não demorou muito, Cristo chegou à praia. Jogou uma partida de frescobol, bateu uma altinha e depois quis andar sobre as águas. Mas agora com uma prancha. Enquanto se divertia no Stand Up Paddle (ele achou o máximo), a galera que ele conheceu tentava organizar um tour.

- Que tal se a gente mostrar uma pouco das mazelas da cidade, as favelas? De repente, Ele pode fazer algo...
- Tá maluco? Vai dar trabalho para o Cara? Deixa ele se divertir.  

Cristo sai da água, chacoalha a cabeleira e ouve outra proposta:

- Aê, tá a fim de ir a alguma igreja?
- Ir pra casa agora? Não sei... onde é a igreja?
- Tem a da Penha...

Cristo interrompe:
- Depois do Méier ainda é Rio, né? Pelo que costumo ver nos jornais, acabei esquecendo... É longe daqui, é?
- Galera, vamos fazer algo mais tradicional? O que acha de ir ao Maraca?
Cristo se empolga.
- Ver um Fla-Flu????
- Ihhhh torce pra quem?
- Rapaz, o João Paulo II pediu para eu dar uma forcinha para o Fluminense.
- E São Judas Tadeu não falou nada para o Flamengo não????
-  Até falou, mas fico receoso em seguir as ideias dele por causa do xará. Sou meio supersticioso.

Logo cortaram a polêmica e esclareceram que, naquela tarde, o jogo seria Flamengo x Botafogo. E então, Cristo desistiu. Deu só uma passadinha para ser aplaudido pelo pôr do sol no Arpoador e voltou para o Corcovado. 


O último que havia ressuscitado era Lázaro, não queria ter esse trabalho todo com o Botafogo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário